Incêndios

  
O Parque Nacional Chapada da Diamantina (PNCD) pode ser considerado um oásis do semi-árido baiano pela abundância de córregos, rios e nascentes em sua área. Apesar da ocorrência da Caatinga em seu entorno, a conjunção de fatores climáticos e geomorfológicos determina a inexistência desse bioma no interior do PNCD, predominando tipos de vegetação do Cerrado e a existência de florestas da Mata Atlântica.
Entretanto, a região sofre com um período de estiagem de até quatro meses e é nessa época de maior seca que o PNCD enfrenta seu maior obstáculo: os incêndios florestais. Apesar da seca na vegetação, da baixa umidade do ar e das altas temperaturas do período, esses fatores não explicam, sozinhos, a ocorrência dos inúmeros focos de incêndios que atingem o Parque e seu entorno. Para compreender este fenômeno, deve-se analisar a ação humana, que é a principal deflagradora dos incêndios, por meio de práticas como: a coleta de sempre-vivas, atividade garimpeira artesanal nas serras, a prática ilegal da caça, a utilização descuidada do fogo na agricultura, acidentes durante visitação pública; e, figurando como principal e mais preocupante suspeita, a ação intencional por litígio com o Parque.
Embora existam pesquisas em outras regiões do país apontando os incêndios como fator natural e necessário à manutenção de algumas tipologias de Cerrado, não se pode fazer tal afirmação sobre a Chapada, devido à carência de pesquisas e subsídios científicos. Por outro lado, muitos são os resultados de pesquisas, realizadas em outras regiões do mundo, apontando os malefícios ecológicos dos incêndios, causando alterações drásticas no tipo de vegetação, levando a perdas de biodiversidade, diminuição da fertilidade dos solos em médio prazo, emissão de gases de efeito estufa e enfraquecimento dos mananciais de água.

Prevenção

As ações de prevenção necessárias à diminuição dos incêndios florestais são tão variadas quanto as causas dos incêndios e motivações dos incendiários que os provocam. Para algumas das causas conhecidas de prevenção ao incêndios no PNCD, pode-se apontar ações de educação e sensibilização ambientais como sendo as melhores práticas preventivas. Em outros casos, a presença institucional e informação podem garantir a inexistência de incêndio.
Entretanto, frente à motivação mais aterradora conhecida no PNCD, os incêndios por litígio, a prevenção se mostra tarefa das mais difíceis. A presença institucional conjugada com a fiscalização parece apontar para o caminho mais plausível.
No início da temporada 2010/2011, brigadistas contratados realizaram algumas visitas em escolas das comunidades e povoados do entorno do PNCD com o  objetivo de levar informação e sensibilização acerca da temática dos incêndios.
Uma outra ação já realizada pelo PNCD há cinco anos pode ser considerada, simultaneamente, como uma atividade preventiva e de combate: o monitoramento da área do Parque em mirantes naturais em cumes da Serra do Sincorá e em antenas de telecomunicação de cidades do entorno. Pode-se considerar esse monitoramento como prevenção pelo caráter inibitório que já foi muito relatado desde sua implementação. Considera-se que a presença de servidores em pontos altos do PNCD desencoraja a ação incendiária.


Combate

Quando um incêndio é detectado, deve-se iniciar o combate no menor tempo possível. Por esse motivo, o monitoramento em mirantes naturais também é considerado como ferramenta de combate, pois se trata da rápida detecção dos incêndios que já se iniciaram.
No PNCD e seu entorno o combate direto tornou-se a forma mais popular de combate. Trata-se da ação manual direta de pessoas frente-a-frente com as linhas de fogo. Na Chapada Diamantina esse combate se utiliza, principalmente, de abafadores ("tapetes" de borracha presos em longos cabos de madeira, utilizados para impedir a entrada de oxigênio no processo de combustão) e bombas-costais (mochilas que carregam 20 litros de água equipadas com mangueiras especiais capazes de lançar a água a distâncias médias de três metros, utilizadas para resfriar as chamas para uma maior eficiência dos abafadores).
As formas de combate indireto têm ganhado, gradualmente, mais adesão entre os brigadistas da Chapada Diamantina e são caracterizados, principalmente, pela confecção de aceiros (faixas cuja vegetação é retirada para cessar a progressão do incêndio).
Em todo o mundo, nos locais em que há ações de combate a incêndios florestais, o combate aéreo é uma ferramenta quase imprescindível. Também na região do PNCD esse tipo de combate tem sido utilizado, por meio de helicópteros e aviões agrícolas adaptados para lançamento de água sobre incêndios.

Brigadas de Combate a Incêndios Florestais

O PNCD conta com a atuação de um verdadeiro exército de pessoas imbuídas do mais elevado sentimento conservacionista, dispostos a enfrentar as mais severas adversidades físicas e psicológicas para extinguirem, com suas próprias mãos, os incêndios florestais que surgem e acometem o Parque e seu entorno. Estes são os brigadistas da Chapada Diamantina.
No entorno do PNCD existem diversas brigadas voluntárias, que há décadas se dedicam ao combate direto dos incêndios da região. Entre essas brigadas, pode-se contabilizar cerca de 200 voluntários, que representam uma forma de voluntariado único no Brasil. Além das brigadas voluntárias, o PNCD contrata, em regime temporário e intercalar, 49 brigadistas.

  Documentário
     
  Linha de Fogo (18 min, BA, 2009)
 Sinopse: Documentário sobre o maior incêndio já registrado no Parque Nacional da Chapada Diamantina.